A problemática das numerações nas lojas de roupa
Ir a uma loja de roupa deveria ser uma experiência simples e agradável: escolher a peça que gostamos, experimentar e, se fizer sentido, levá-la connosco.
No entanto, para a maioria das pessoas, este processo é tudo menos fácil.
As numerações padronizadas que encontramos nas lojas escondem um problema antigo e persistente: a exclusão de corpos que fogem ao chamado “Padrão”.
Quantas vezes já nos deparamos com um número que, em teoria, seria o nosso, mas que, ao experimentar, parece pertencer a um tamanho abaixo? Ainda há dias me aconteceu!
Recentemente reparei em algo muito simples: os tamanhos 38 que tenho em casa, e que há anos são a minha numeração, servem-me. Entretanto, a calça 38 que experimentei na Stradivarius parecia um 34.
Os vestidos 38 que tenho nos cabides assentam-me lindamente. Um da Zara, hoje em dia, se for para levar tem de ser o 40.
De repente, serei eu fora do padrão?
Minha mãe faz anos hoje. Ontem fui a Zara comprar-lhe um casaco. Tinha de ser o XL e, pasmem, havia! Entreguei-lhe. Não serve. Afinal teria de ser XXL.
Que burra fui, como não me atentei a esse detalhe? Mas esperem lá, e a Zara vende aquele casaco tamanho XXL?
Preciso mesmo responder?
A verdade é que a maioria das marcas continua a limitar as suas coleções a uma faixa reduzida de tamanhos, deixando de fora uma parte significativa da população. E mesmo quando oferecem tamanhos “maiores”, muitas vezes estes são desproporcionais ou adaptados sem critério, resultando em peças mal ajustadas, desconfortáveis e que não valorizam a nossa figura.
Como se não bastasse a exclusão histórica e absurda de tamanhos maiores, o que fazemos agora com essa confusão generalizada de numeração? O que é um M numa loja pode equivaler a um L noutra, e até a um S naquela.
Esta falta de uniformização só reforça a insegurança, distorção de imagem e a frustração de quem simplesmente procura uma peça que lhe sirva.
Não deveria ser assim tão difícil, concordam?