Moda, Literatura, Saudades e a vontade de criar.
Há uns anos, criei um blog. Sempre gostei da escrita. Talvez por ser alguém que, no meio da turbulência, refugia-se na introspeção. Nunca gostei de grandes multidões. Sempre me senti à deriva, como se existisse à margem do mundo, sem nunca realmente pertencer. Então, por isso, recorria às páginas em branco do Word e deixava-me afundar e aprofundar em meus próprios devaneios.
O que impulsiona a minha necessidade de criar é a saudade. Sempre que a vida me rasga a alma, as palavras que me faltam nos lábios desaguam pelos dedos, como se apenas a escrita pudesse conter o que ninguém vê.
Ludovico Einaudi sempre esteve comigo. Conhecem? Aquele pianista italiano que nos transporta para um multiverso interior e tão assustadoramente íntimo através das teclas de um piano.
Sempre que estou triste procuro livros. Sempre que me angustio, distraio-me com tecidos. Conto os passos das pessoas que por mim passam como se eu ali não estivesse. E, muito provavelmente, não esteja. Talvez nunca tenha estado verdadeiramente em mim. Eu sou um à parte da minha própria excepção e, com muito esforço, me reconecto àquilo que me veste.
Apenas gosto de estampas nos detalhes. Normalmente meu fundo é neutro, nada muito chamativo, porque, talvez por ser quem e como sou, já chame demasiado a atenção.
Gosto de coisas que contrastem com a aparente calmaria que me cobre o corpo. Uns sapatos com um laço brilhante; uma mala que conjugue sua tonalidade com as calças; uns brincos que transmitam o meu estado de espírito.
Dentro de mim carrego imensos livros e, talvez, sejam eles que me vistam. Minha melancolia provém da poesia que lia antes de dormir. Dizem que todo poeta, lá no fundo, é triste. E a mim sempre me disseram o quão bem escrevia.
Apesar dos planos, 2025 começou deixando-me uma saudade que permanecerá até ao reencontro.
Aguardarei pelo dia.
O meu companheiro de todas as horas.
Foto pertencente ao meu acervo pessoal.
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